PEIXENSE DE VALOR: Simone Teles e sua trajetória da Agronomia ao Doutorado

A cidade de Peixe tem se destacado como berço de talentos que conquistam espaço no cenário acadêmico e profissional. Um desses exemplos é Simone Teles, engenheira agrônoma formada pela Universidade Federal do Tocantins (UFT), que neste mês de fevereiro de 2025 concluiu o doutorado em Produção Vegetal, também pela UFT. Sua trajetória é marcada por desafios, superação e um profundo amor pela ciência e pelo agro.

O início da jornada acadêmica

Simone ingressou no curso de Agronomia em 2014, após ser incentivada por familiares e pesquisar sobre as diversas oportunidades dentro da área. Embora tenha sido aprovada em outros vestibulares, foi a afinidade com o setor agropecuário que a levou a escolher essa profissão.

Desde o início da graduação, a curiosidade e a sede por conhecimento a aproximaram da pesquisa científica, um universo que ampliou sua visão sobre os processos agrícolas. Participando de grupos de pesquisa, ela percebeu que a prática trazia um aprendizado muito mais aprofundado do que apenas as aulas teóricas.

“A gente vê a importância dos nutrientes para a planta no campo, os efeitos reais no desenvolvimento. Isso me motivou a seguir esse caminho e buscar novas descobertas para a agricultura.”

Dificuldades financeiras e a persistência nos estudos

A trajetória de Simone até aqui não foi fácil. Como muitos jovens do interior, ela enfrentou dificuldades financeiras para se manter na universidade. Nos primeiros anos, morou sozinha, sem suporte financeiro além do que sua mãe podia oferecer. O aluguel, a alimentação e os custos com materiais acadêmicos pesavam no orçamento, e muitas vezes ela precisou abrir mão de momentos de lazer para economizar.

“Eu não tinha nem um computador para estudar. Tudo que eu precisava pesquisar, fazer trabalhos e assistir aulas online, era na biblioteca ou nos computadores da universidade. Só consegui comprar meu notebook depois de entrar em um programa de bolsa de pesquisa e economizar cada centavo”, relembra.

Apesar dos desafios, Simone nunca cogitou desistir. Seu esforço e dedicação garantiram que ela concluísse sua graduação no tempo previsto e seguisse para os estudos avançados.

O início na pesquisa e os desafios da graduação

Durante o curso de Agronomia, Simone percebeu que o conhecimento teórico não era suficiente para compreender a complexidade do campo. Incentivada por professores, ingressou em grupos de pesquisa, onde pôde aplicar na prática conceitos como nutrição de plantas e microbiologia do solo.

“Quando a gente vê um problema no campo e consegue visualizar os efeitos dos nutrientes na planta, entendemos de forma muito mais clara a importância da pesquisa. Essa vivência despertou em mim o desejo de aprofundar meus estudos”, conta.

Com a graduação concluída em 2018, Simone teve a oportunidade de trabalhar na área antes de ingressar no mestrado. Mas a paixão pela pesquisa e o desejo de se especializar falaram mais alto. Assim, decidiu seguir para a pós-graduação, mesmo sem ter planejado inicialmente.

Mestrado e Doutorado: aprofundando conhecimento no Agro

No mestrado, Simone optou pela microbiologia agrícola, um campo em crescente expansão no agronegócio. Seu foco de pesquisa foi o uso de micro-organismos para controle de pragas e melhoria na nutrição de plantas, uma alternativa sustentável para o setor agrícola.

“O mercado de controle biológico está crescendo muito. Hoje, os produtores estão cada vez mais atentos ao uso de soluções naturais para combater pragas e melhorar a qualidade do solo”, explica.

Ao concluir o mestrado em 2021, Simone decidiu que não poderia parar ali. Em março do mesmo ano, ingressou no doutorado, agora voltado para a área de Fisiologia e Nutrição de Plantas. Sua pesquisa busca entender como a adubação e os nutrientes influenciam o desenvolvimento das culturas, um tema essencial para o crescimento da agricultura no Tocantins.

“O Tocantins é uma das novas fronteiras agrícolas do Brasil, mas enfrenta desafios como solos pobres e clima extremo. A nutrição correta das plantas faz toda a diferença para aumentar a produtividade e garantir a sustentabilidade da produção”, destaca.

Mulheres no Agro: desafios e conquistas

Ao longo de sua trajetória, Simone vivenciou de perto o preconceito que ainda existe contra mulheres no setor agropecuário. Quando iniciou a faculdade, ouvia que “agronomia era profissão de homem” e que mulheres não tinham espaço no campo.

“Hoje isso tem mudado, mas ainda há desafios. Muitas empresas ainda limitam contratações femininas, mas estamos ocupando nosso espaço e mostrando nossa capacidade. O agro precisa de profissionais qualificados, independente do gênero.”

Uma inspiração para Peixe e para o Tocantins

Aos 29 anos, Simone Teles é doutora em Produção Vegetal e um exemplo de perseverança para os jovens peixenses. Sua história mostra que, apesar dos desafios, a educação transforma vidas e abre portas para novas oportunidades.

Para aqueles que sonham em entrar no mundo do agronegócio, Simone incentiva:

“O agro é gigantesco e cheio de oportunidades. Se você gosta dessa área, vá atrás! O conhecimento abre caminhos e pode mudar sua vida.”

A cidade de Peixe se orgulha de ter uma representante tão brilhante no cenário acadêmico e agrícola, levando o nome do município para o Brasil e contribuindo para o desenvolvimento do setor.

Por Josevan Barbosa

Categoria: Educação, Agropecuária, Inspiração

Tags: Simone Teles, Agronomia, Agropecuária no Tocantins, Doutorado em Produção Vegetal, Mulheres no Agro, Peixe-TO, Pesquisa científica, Universidade Federal do Tocantins (UFT)